terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

VENDE, MAS NÃO É SÉRIO

..para bom entendedor, meia palavra basta. ...

Jornal DESTAK de 27.01.2011
Editorial * Isabel Stilwell

Sinceramente, fiquei enjoada com o vídeo da entrevista  do Carlos Silvino. Não consegui sequer vê-la até ao fim: os tiques, os gestos perturbados, a teoria da conspiração do copo de água drogado, da medicação que leva a mentir, com um efeito tão poderoso que perdura três anos e obriga a vítima a assumir-se como gay e pedófilo, e até, imagine-se, a pedir desculpas em tribunal, tudo é confrangedor.
Como é confrangedor perceber que há quem use e abuse sem escrúpulos, do depoimento de alguém que é visivelmente perturbado, que a opinião pública e o tribunal "julgaram"  com alguma condescendência exactamente por isso. E que ninguém pareça perceber o que se passa, quando o entrevistador tem uma agenda pública e assumida de lutar pela inocência de Carlos Cruz, e não propriamente de investigar a verdade, essa sim, a missão de uma jornalista e o propósito de uma entrevista jornalística.
É claro que vende, é claro que é uma enorme tentação publicar e divulgar esta suposta pedrada no charco, que aparentemente põe em causa todo um julgamento. Mas não quer dizer que seja sério. Nem para ser levada a sério.
Acredito que toda a gente tem direito a lutar pela sua inocência, pelos meios legais, mas custa-me compreender que pessoas condenadas por um tribunal continuem a agir como se não o tivessem sido, e, com o "pretexto" dos recursos, continuem a dar grandes entrevistas e a dizer o que lhes vem à cabeça, podendo obviamente ser facilmente manipuladas. Condenado a dezoito anos de prisão, o que tem Carlos Silvino a perder com estes números de circo? Mas há quem tenha muito a ganhar de cada vez que a confusão se instala. e nem sequer custa a perceber quem são.
(fim)
NOTA: O bold é meu.

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